Tu que sopras
Nas janelas do meu recato
Tu que sopras
Folhas de Outono em desalinho
Tu que sopras
Murmúrios de gente, em calado desespero
Tu, vento que sopras
Este é o sítio onde o Zeca parou e decidiu...
Tu que sopras
Nas janelas do meu recato
Tu que sopras
Folhas de Outono em desalinho
Tu que sopras
Murmúrios de gente, em calado desespero
Tu, vento que sopras
Por cima, o céu
Um rasgo de negro
Repleto de pequenos nadas,
Cintilantes, de luz eterna.
Tão distante, e profunda, é a tua existência,
pequena partícula cósmica.
De onde vieste? Para onde vais?
Perguntas vazias,
tão vazias, quanto vazio é o universo.
Aqui, eu.
Pequena partícula também,
Sem brilho, sem luz, apenas o ser.
O que é já algo!
Queria ser vento, correr as planícies,
afagar o trigo, enrolar-me no sobreiro,
rebolar nas encostas do monte,
envolver-me nos teus cabelos,
carregar no meu seio, os aromas todos
dessa primavera que tarda;
Conhecerá essa migalha do universo,
todas as formas de ser?
Saberá, como são belos os campos, cá em baixo;
Como são frescos os ribeiros;
Como é quente a tarde estival;
E amena a noite.
Como canta a cotovia;
Como voa a andorinha;
Como salta o pardal;
Queria ser isso! E tudo o mais!
Queria ser terra, e mar, e céu, e mundo;
ter-te em mim;
pequeno nada;
de tudo feito, que tudo faz!
O ser eterno, sem existência.
Dedicado a uma partícula, muito especial, que me encontrou quando nada o fazia prever... são assim as partículas deste universo. Dos outros, não sei!