quarta-feira, maio 11, 2005

O ser eterno, sem existência

Por cima, o céu

Um rasgo de negro

Repleto de pequenos nadas,

Cintilantes, de luz eterna.

Tão distante, e profunda, é a tua existência,

pequena partícula cósmica.

De onde vieste? Para onde vais?

Perguntas vazias,

tão vazias, quanto vazio é o universo.

Aqui, eu.

Pequena partícula também,

Sem brilho, sem luz, apenas o ser.

O que é já algo!

Queria ser vento, correr as planícies,

afagar o trigo, enrolar-me no sobreiro,

rebolar nas encostas do monte,

envolver-me nos teus cabelos,

carregar no meu seio, os aromas todos

dessa primavera que tarda;

Conhecerá essa migalha do universo,

todas as formas de ser?

Saberá, como são belos os campos, cá em baixo;

Como são frescos os ribeiros;

Como é quente a tarde estival;

E amena a noite.

Como canta a cotovia;

Como voa a andorinha;

Como salta o pardal;

Queria ser isso! E tudo o mais!

Queria ser terra, e mar, e céu, e mundo;

ter-te em mim;

pequeno nada;

de tudo feito, que tudo faz!

O ser eterno, sem existência.


Dedicado a uma partícula, muito especial, que me encontrou quando nada o fazia prever... são assim as partículas deste universo. Dos outros, não sei!

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