terça-feira, outubro 02, 2012

A personalidade preservativo


O perfil do “preservativo” permite-lhe ser usado com o único propósito de foder alguém, homem ou mulher, sendo depois descartado, sem qualquer espécie de remorso.

domingo, setembro 11, 2011

A Mudança

Há já algum tempo que nada acontecia por aqui, aparentemente, mas a realidade é outra.
A vida neste nosso mundo está a mudar, drasticamente, e é necessário acordar para essa realidade. Isso leva-me a partilhar isto com quem quer que seja, divirtam-se e assistam ao nascimento de um Novo Mundo:

Intro para o filme "The Shift"

;-)

domingo, fevereiro 15, 2009

(Des) espero-te





(Des) espero-te,
sentado naquele banco,
a olhar o mundo,
a ver as gentes,
a sentir o sol,
A vida abre-se,
à minha frente.
Vejo-te como antes,
num desespero da alma.
Não quero perder-te,
tenho medo de perder-te,
de não saber amar-te,
de não saber dizer-te,
de não saber sentir-te,
tenho medo!
Há um pouco de mim,
em cada palavra que escrevo,
um resto de passado,
em cada gesto,
em cada momento,
tenho medo,
de sentir-te,
de dizer-te,
de amar-te,
tenho medo!

domingo, outubro 05, 2008

Faz de conta...




Faz de conta
Que vivemos bem
Que somos educados
Que somos felizes
Que somos bonitos
Que somos simpáticos
Que somos solidários
Que somos inteligentes
Que somos fortes
Que somos nós
Que não vemos os outros
Que não nos vêem a nós
Que falamos bem
Que amamos
Que somos amados
Faz de conta, que vivo
Num mundo a sério.

20/05/08

sexta-feira, março 28, 2008

Como será?


Vivo num país à beira da ruptura. As recentes notícias revelam o que de mais negro e sombrio temos estado a construir enquanto sociedade, civilizada, no limiar do século XXI. O que, ao longo de muitas gerações, foi sendo conquistado, de liberdade, de solidariedade, de tudo aquilo que consideramos os inalienáveis direitos do ser humano, aparenta ruir, como um frágil castelo de areia, frente a uma implacável onda de individualismo, de ganância, de desprezo cruel pelos valores do outro, meu semelhante.

Que dizer da solidão avassaladora, que nos enche o peito, num tempo em que estar com o mundo é tão fácil quanto pressionar um simples botão. Tenho de me isolar para estar em contacto com o mundo!

O mundo! Nunca foi tão vasto, de horizontes tão largos; nunca foi tão gritante a pobreza dos homens, porque se vê!

Nunca foi tão triste a miséria dos muitos, porque se compara com a obscenidade do luxo dos poucos.

Será que somo mesmo filhos do que roubou a caça aos outros dois que, tendo-a apanhado, a partilhavam? Se assim é, será que temos futuro?

É uma questão interessante!


sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Constatação

Quem fez as grandes obras não foram os reis, foram os povos!

quinta-feira, junho 02, 2005

Portugal, este país onde habito...

É com espanto, mas nunca com resignação, que descubro, no Portugal de Eça de Queiroz, o de 1871, os mesmos vícios, as mesmas vicissitudes, deste país onde habito.
É a política, a educação, são os patrões, os sindicatos, o povo, a justiça, a economia, a Europa, o défice (qual mostrengo, que assombra o Cabo da Europa, que não conseguimos alcançar). O país fundado na notícia de ocasião que preenche o dia - que outras preocupações existirão, mas quem vier a seguir que resolva; é este estar sem querer, este existir sem pretender, estas dicotomias improdutivas no pensamento de quem gere a coisa pública, esta miséria que tudo engole.
Este é o povo que conseguiu fazer sorrir Abril, que plantou flores nos canos estéreis das espingardas, que viveu a ditadura, e sobreviveu.
Ora leiam...!






( Portugal)

...

Portugal, não tenho princípios, ou não tenho fé nos seus princípios, não pode propriamente ter costumes.

Fomos outr´ora o povo do caldo da portaria, das procissões, da navalha e da taberna. Comprehendeu-se que esta situação era um aviltamento da dignidade humana: e fizemos muitas revoluções para sahir d´ella. Ficamos exactamente em condições identicas. O caldo da portaria não acabou. Não é já como outr´ora uma multidão pittoresca de mendigos, beatos, ciganos, ladrões, caceteiros, que o vae buscar alegremente, ao meio dia, cantando o Bemdito; é uma classe inteira que vive d´elle, de chapéo alto e paletot.

Este caldo é o Estado. Toda a nação vive do Estado. Logo desde os primeiros exames do lyceu a mocidade vê n´elle o seu repouso e a garantia do seu futuro. A classe ecclesiastica já não é recrutada pelo impulso de uma crença; é uma multidão desoccupada que quer viver á custa do Estado. A vida militar não é carreira; é uma ociosidade organisada por conta do Estado. Os proprietarios procuram viver á custa do Estado, vindo a ser deputados a 2$500 réis por dia. A própria industria faz-se proteccionar pelo Estado e trabalha sobretudo em vista do Estado. A imprensa até certo ponto vive também do Estado. A sciencia depende do Estado. O Estado é a esperança das famílias pobres e das casas arruinadas. Ora como o Estado, pobre, paga pobremente, e ninguém se pode libertar da sua tutela para ir para a industria ou para o commercio, esta situação perpetua-se de paes a filhos como uma fatalidade.

Resulta uma pobreza geral. Com o seu ordenado ninguém pode accumular, poucos se podem equilibrar. D´ahi o recurso perpetuo para a agiotagem; e a divida, a lettra protestada, como elementos regulares da vida. Por outro lado o commercio soffre d´esta pobreza da burocracia, e fica elle mesmo na alternativa de recorrer tambem ao Estado ou de cahir no proletariado. A agricultura, sem recursos, sem progresso, não sabendo fazer valer a terra, arqueija á beira da pobreza e termina sempre recorrendo ao Estado.

Tudo é pobre: a preoccupação de todos é o pão de cada dia.

Esta pobreza geral produz um aviltamento na dignidade. Todos vivem na dependencia: nunca temos por isso a attitude da nossa consciencia, temos a attitude do nosso interesse.

Serve-se, não quem se respeita, mas quem se vê no poder. Um governador civil dizia: - «É boa! dizem que sou successivamente regenerador, historico, reformista!... Eu nunca quiz ser senão - governador civil!» Este homem tinha razão, porque mudar do sr. Fontes para o sr. Braamcamp não é mudar de partido; - ambos aquelles cavalheiros são monarchicos e constitucionaes e catholicos. A desgraça é que, se em Portugal existissem partidos republicanos, monarchicos, socialistas, aquelle homem, assim como fôra sucessivamente reformista, historico e regenerador, - isto é, as cousas mais eguaes, seria republicano, monarchico e socialista, - isto é, as cousas mais contradictorias.

...

in As Farpas, junho 1871